Se houve algo que sempre me inquietou o espírito durante a minha estadia e trabalho em Itália foi, sem dúvida alguma, o desperdício de plástico generalizado em cantinas e serviços de refeição destinados a crianças e staff nas escolas e centros de educação e de infância, em geral. Pelas aclamadas regras de higiene e cuidado com a saúde pública, redução do risco de transmissão de infecções e afins, pratos e pratos e talheres e copos de plástico eram, todos os dias, despejados em contentores do lixo. Com a "pequena" agravante de que, em Savona, se o plástico estiver "sujo" não poderá ser reciclado (...) e, portanto, segue para o lixo comum. E como em Itália a organização da comida é diferente da nossa, não me refiro a um prato por aluno, por refeição, mas sim a dois pratos - Primo piato + Secondo e contorno - por aluno. Imaginem a quantidade diária de plástico que é deitado no lixo, directamente, sem grande divisão.
Por outro lado, esta ideia de que cada um limpa o seu prato e o arruma, introduz um outro reparo que gostava de fazer - a noção de arrumação e limpeza que estas crianças têm. Eles são mais ou menos uns trinta a viver todos na mesma casa, desde pequeninos a maiores de idade, mas todos, sem excepção, arrumam os seus quartos! É claro que os mais pequenos precisam de um "lembrete" ou incentivo, mas nos mais velhos esta noção já está interiorizada - de manhã, uma das actividades realizadas naquelas horas extra que o levantar às 5h lhes dá é, precisamente, a dança da vassoura. Sobe-se as escadas e salta-se o último degrau, onde já anda uma das mais velhas a varrer freneticamente. Nos dias em que se activa um dos pequenotes, activam-se todos: é ver uns de vassoura na mão pelo chão, outros em equipa que passam a roupa seca da cama para o cabide, o outro que arruma os livros e a mais velha que alinha as tropas do quarto em frente. Ninguém "respinga" muito, fazem-no meio em brincadeira, ainda de sorriso em face! O cuidado com a roupa é também feito por cada um, logo que se cresce um bocado e já não se tem sete anos, mais ou menos. A partir desta idade cada um toma conta da sua roupa, lavam-na, estendem e arrumam numa organização que só eles entendem. O "armário" é um cabide em madeira dividido entre os quatro ou seis que dividem o mesmo quarto também e, no meio de calças, camisolas, camisas, saias e t-shirts, eles lá se entendem sobre a quem pertence o quê, sendo raro ver roupa pelo chão ou espalhada no quarto dos mais velhos. Estou segura de que se a minha mãe visse os quartos deles de manhã (ou especialmente ao Sábado - dia de limpeza geral, já que a empregada não está) ia simplesmente dizer-me: «- Devias ter vergonha do teu quarto, Vanessa! Segue só este exemplo..» E eu dar-lhe-ia toda a razão.
Estas observações mostram-me e confirmam-me o quão importante é responsabilizar as crianças desde novas. O quão importante é mostrar às crianças que o que temos deve ser cuidado, é nosso, deve ser atentamente tratado e que nem sempre temos a mãe, o pai, a empregada, a avó ou quem seja ali para nos "servir". E, mais uma vez, contra mim falo, mas é também disto que a vida é feita - auto consciencializar de forma a melhorar, a reconhecer, a crescer. . Tikapur está a entrar-me dentro, passando o pleonasmo.
Obrigada.
Bom apetite, pessoas! |
Sem comentários:
Enviar um comentário